segunda-feira, 1 de novembro de 2010

Fíliz e Amor ♥

                                                                   Cançoneta anacrônica
                                                     
Num denso bosque
Pouco trilhado
E a ternos crimes
Acomodado,

Por entre a rama
Fresca e sombria
Do tenro arbusto
Que me encobria,

Vi sem aljava*
Jazer Cupido**
Junto de Fílis,
À Mãe*** fugindo.

Entre as nevadas
Mãos melindrosas
Tinha um fragrante
Festão de rosas.

A mais brilhante
Dele afastando,
Dizia a Fílis
Com riso brando:

“Mimosa Ninfa****,
Glória de Amor,
Dás-me um beijinho
Por esta flor?”

“Sou criancinha,
Não tenhas pejo*****.”
Sorriu-se Fílis
E deu-lhe o beijo;

Mas o travesso
Logo outro pede
À simples Ninfa
Que lhos concede.

Que por matar-lhe
Doces desejos,
A cada instante
Repete os beijos.

Assim brincavam
Fílis e Amor,
Eis que o Menino,
S Aljava - empre traidor,

Co’a pequenina
Boca risonha
Lhe comunica
Sua peçonha.

Descora Fílis,
E de repente
Solta um suspiro
D’alma inocente.

Mal que o gemido
Férvido soa
O mau Cupido
Com ele voa.

Ninguém, ó Ninfa
(Diz a adejar******),
Brinca comigo
Sem suspirar.”
                                Manuel Maria Barbosa
                              Du Bocage

Um comentário: